Retrospectiva
O Ibovespa, principal índice da bolsa paulista, encerrou o pregão de sexta-feira em queda de -0,70%, aos 41.593 pontos. O enfraquecimento dos pregões em Wall Street e dos preços do petróleo corroboraram as perdas locais, em sessão marcada por volumoso noticiário corporativo. Na semana, o índice de referência do mercado acionário acumulou variação positiva de 0,12%, enquanto no mês a alta acumula 2,52%. No ano, a perda é de -4,05%
A recuperação do preço do petróleo ditou o ritmo dos negócios no começo da semana, com o petróleo tipo Brent subindo 5,09% na segunda-feira.
No front doméstico, a nova fase da Operação Lava Jato, a 23ª etapa denominada Acarajé, deflagrada pela manhã, animou o mercado financeiro nacional ao colocar no centro das atenções o principal marqueteiro da campanha petista, João Santana, que teve sua prisão temporária decretada pelo juiz federal Sérgio Moro. João Santana é suspeito de receber US$ 7,5 milhões desviado da Petrobras em uma conta não declarada no exterior.
As perdas se consolidaram após o anúncio do rebaixamento da nota de rating pela agência classificadora de riscos Moody’s. A notícia já era esperada, mas o rebaixamento em dois níveis (de “Baa3” para “Ba2”) com perspectiva negativa surpreendeu dada a magnitude do corte. A decisão coloca o país cada vez mais distante de retornar ao status de bom pagador, e joga mais pressão sobre a recuperação da economia.
No exterior, os mercados eram pressionados entre outros fatores pelo petróleo em queda, ainda reagindo a declarações anunciada na terça-feira pela Arábia Saudita, que descartou a chance de corte de produção entre os grandes produtores da commodity.
No campo da economia, o governo anunciou um déficit primário do setor público consolidado de R$ 27,9 bilhões em janeiro, superando com folga a expectativa mediana dos economistas, que esperavam um superávit de R$ 18,4 bilhões. É bem verdade que o resultado foi inflado pela receita com a venda de hidrelétricas no fim do ano passado, da ordem de R$ 11 bilhões, mas mesmo assim registrou o primeiro resultado positivo desde abril.
Os EUA anunciaram o PIB do quarto trimestre de 2015, onde a expansão foi de 1% na comparação anual. O crescimento foi abaixo dos 2% registrados no terceiro trimestre, mas muito acima da mediana das expectativas do mercado, que eram de que o crescimento fosse de 0,4%.
Pesquisa Focus
O boletim Focus revelado hoje confirmou a expectativa de manutenção da Selic nos atuais 14,25% na reunião desta semana do Comitê de Política Monetária (Copom), e projetam que encerrará o ano no mesmo patamar. Já para 2017 a projeção para a Selic foi ajustada a 12,50%, ante 12,63% na pesquisa anterior.
A expectativa para a inflação surpreendeu e, após oito semanas de alta, os economistas passaram a prever um alívio no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2016. A estimativa para a inflação oficial no país recuou de 7,62% para 7,57%. Os economistas prevêem leve desaceleração no ritmo de alta dos preços livres, uma vez que a estimativa de alta para os preços administrados, que são estabelecidos por contrato ou órgão público, foi mantida em 7,50% neste ano.
Para 2017, a perspectiva para a inflação oficial, medida pelo IPCA, permaneceu em 6%, no limite da margem de flutuação estipulada pelo governo. A perspectiva para preços administrados também continuou em 5,50%.
A retração do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano deve ser ainda maior do que a prevista. A estimativa dos economistas passou de baixa de 3,40% para uma queda de 3,45%, a sexta semana consecutiva de revisão para baixo. Para 2017, foi mantida a expectativa de recuperação em 0,50%.
A produção industrial é o principal setor responsável pelas previsões para o PIB em 2016 e 2017. No boletim, a mediana das estimativas do mercado para o setor manufatureiro revela uma expectativa de baixa de 4,50% para este ano ante – 4,40% prevista na semana passada. Para 2017, a previsão mudou de 1,00% para 0,80%. Se a previsão do mercado se concretizar, será a primeira vez que o país registra dois anos de retração econômica, considerando a série histórica do IBGE, iniciada em 1948.
Perspectivas
A semana começa sob a notícia de que o Banco Popular da China cortou o compulsório em 0,5 ponto percentual. A medida adiciona mais dinheiro no mercado, pois diminui a exigência de reservas dos bancos junto à autoridade monetária chinesa. A notícia é boa para o mercado, que interpreta como um forte sinal de que o governo chinês está empenhado em fazer com que a economia local interrompa as expectativas de queda da cadeia produtiva.
No âmbito doméstico, a notícia de que o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, deve deixar o governo esta semana joga mais atrito na já desgastada relação da presidente Dilma Rousseff com o Partido dos Trabalhadores. O diretório nacional propôs um programa nacional de emergência para mudar a política econômica do país, com vários pontos que vão de encontro com o ajuste fiscal em curso. O mal estar ficou evidente na ausência da presidente Dilma no evento do partido que comemorou os 36 anos de existência.
Estas notícias devem trazer certo ânimo aos mercados no curto prazo, porém o cenário ainda inspira cuidados e deve ser visto com cautela pelos investidores.
A semana reserva uma bateria de indicadores importante, que devem mexer com o mercado no curto prazo.
Na quinta-feira (03) sai o PIB do Brasil relativo ao quarto trimestre de 2015, para o qual se espera uma queda de 1,8%, na comparação trimestral.
Na quarta-feira (02) serão conhecidos mos indicadores de atividade econômica regional dos EUA (Livro Bege), que ganha importância diante do cenário de incerteza acerca da política monetária que será implementada pelo banco central americano.
A semana termina com o relatório de emprego dos EUA (payroll), que é o indicador mais observado pelo FED antes de revelar sua política monetária. As expectativas de consenso revelam que os EUA tenham criado 195 mil novas vagas em fevereiro e que a taxa de desemprego se mantenha estável em 4,9%.
Neste contexto, mantemos nossa recomendação de expor a carteira de renda fixa para os vértices de médio prazo (IMA-B 5 e IDKA IPCA 2A) em no máximo 30%. Neste momento, recomendamos ficar fora de estratégias com exposição para os vértices mais longos (IMA-B, IMA-B 5+, IDKA IPCA 20A e 30A). Os demais recursos devem ser direcionados para os vértices mais curtos, para ativos indexados ao CDI ou IRF-M 1, que mesmo que tenham rendimento menor que a inflação, como ocorreu em janeiro, constituem alternativas mais defensivas em um cenário de juros de mercado crescentes.
Nas estratégias que envolvam essencialmente a exposição ao risco de crédito (FIDC e FI Crédito Privado, por exemplo), observamos que a escassez de linhas de crédito para a produção e consumo gerou uma abertura de spread (prêmio de risco) nas operações, que resultam em oportunidades interessantes para investimentos. Com a devida cautela, e respeitados os limites das políticas de investimentos, recomendamos avaliar investimentos nestes segmentos.
Na renda variável, recomendamos uma exposição de no máximo 10% para o segmento, já incluídas alocações em fundos imobiliários – FIIs e fundos em participação – FIPs, dado a falta de percepção de melhora nos fundamentos econômicos que justifique elevar ainda mais o risco da carteira. As quedas recentes do Ibovespa levaram o índice a romper o suporte dos 40.000 pontos, abrindo uma janela de oportunidade para os investidores com baixa exposição no segmento montarem posições, objetivando o ganho de capital no longo prazo.
Retrospectiva
O Ibovespa, principal índice da bolsa paulista, encerrou o pregão de sexta-feira em alta de 0,16%, aos 41.543 pontos, após passar a maior parte da sessão em queda e só avançar na última hora, favorecido com um movimento comprador que puxou a cotação das ações do setor bancário. O desempenho neutro não afetou a alta de 4,36% no acumulado na semana. O índice teve fortes altas nos primeiros pregões da semana, pautada pela recuperação do preço do petróleo. No mês, acumula alta de 2,82%, e no ano a perda é de 4,17%.
Os mercados seguiram influenciados pelo exterior, com a recuperação do preço do petróleo ditando o rumo. A boa notícia foi que Arábia Saudita, Rússia, Venezuela e Catar concordaram em congelar os níveis de produção de petróleo nos níveis de janeiro. Ainda que os números de produção sejam expressivos, a iniciativa é um importante marco por se tratar da primeira cooperação entre produtores de dentro e fora da OPEP em 15 anos. Complementando o quadro benigno, a notícia de que o Irã, segundo maior produtor da OPEP expressou seu apoio à iniciativa foi bem recebida pelos mercados.
Foi divulgada a ata do Comitê de Política Monetária do Fed (FOMC, na sigla em inglês). O documento revelou que seus membros consideram a desaceleração do crescimento global nas suas perspectivas para a taxa de juros, e consideram recuar dos sinais enviados ao mercado em dezembro, quando indicou que poderia manter o ciclo de aumento dos juros este ano.
Por aqui, as notícias ruins se acumulavam. Os ganhos no Ibovespa foram limitados pela ação da agência classificadora de riscos Standard & Poor’s em rebaixar novamente a nota brasileira, cinco meses após retirar o selo de bom pagador do Brasil. A nota agora está dois níveis abaixo do grau de investimento, “BB+”. A agência concedeu ainda perspectiva negativa, significando que pode reduzir ainda mais a classificação do país nos próximos meses. Em nota, a agência informou que os desafios políticos e econômicos enfrentados pelo Brasil persistem e que agora espera um processo mais longo de ajuste econômico, com prolongamento da recessão e correção mais lenta da política fiscal.
O quadro doméstico ruim se consolidou após o Banco Central divulgar que o índice de atividade econômica – IBC-Br, registrar retração de 4,18% em 2015, a maior queda anual da série histórica da instituição, iniciada em 2003. Os números revelam também que o ritmo em que a economia vem se retraindo, no último trimestre de 2015, não perdeu o ímpeto em relação aos trimestres anteriores. Ao contrário, ganhou intensidade. É justamente esse “carregamento estatístico” do ano passado que preocupa. Mais forte do que o antes previsto, sugere que a economia este ano será de novo puxada para trás e que a puxada, como indica agora o Banco Central, será mais acentuada.
Pesquisa Focus
O boletim Focus revelado hoje mostrou que a expectativa dos economistas para a taxa de juros manteve-se inalterada, e que o mercado continua a acreditar que uma queda virá apenas em 2017. Foi mantida a expectativa de que a taxa encerre 2016 no nível atual, 14,25%, percentual que deve diminuir a 12,63% até o fim do ano que vem. Antes, esperava-se uma queda a 12,75%. A Selic média do ano foi mantida em 14,25% em 2016, mas a de 2017 caiu um pouco, de 13% para 12,98%.
Entre os economistas do Top 5 nada mudou, com as estimativas para a Selic mantendo-se em 14,00% e 12,75%, respectivamente.
As estimativas para a inflação deste ano foram elevadas novamente. A expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, subiu de 7,61% para 7,62%, o oitavo aumento seguido. Com isso, permanece acima do teto de 6,5% do sistema de metas do ano que vem e bem distante do objetivo central de 4,5%.
Para 2017, a estimativa do mercado financeiro para a inflação permaneceu estável em 6%. Com isso, segue distante da meta central de 4,5% do ano que vem e continua exatamente no teto de 6% do regime de metas para o período.
O IPCA ganhou força no início de 2016, chegando a 1,27% em janeiro – maior taxa mensal para janeiro desde 2003, quando atingiu 2,25%. Em 12 meses, o indicador acumula alta de 10,71%.
Para o PIB de 2016, o mercado financeiro passou a prever uma contração de 3,40% na semana passada, contra uma retração de 3,33% estimada na semana anterior. Foi a quinta piora seguida do indicador.
Para 2017, encolheu mais um pouco a expectativa de recuperação, com a mediana das estimativas oscilando de uma alta de 0,59% para 0,50%. O ajuste desta vez foi o quinto consecutivo – um mês atrás, a projeção era de crescimento de 0,80% da atividade.
Recentemente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou a piora de suas estimativas e passou a prever uma contração de 3,50% para o PIB brasileiro neste ano e um crescimento zero para 2017.
Perspectivas
A agenda recheada de indicadores a serem divulgados não serão tão importantes quanto os movimentos do governo na direção ao ajuste fiscal, que nesta semana deve trazer (ou não) algum sinal de comprometimento do Planalto com o compromisso.
Na sexta-feira, os ministros da Fazenda, Nelson Barbosa, e do Planejamento, Valdir Simão, anunciaram o primeiro contingenciamento do orçamento deste ano, e um esboço do chamado “novo modelo fiscal’ que deve ser implantado, com bandas de flutuação para o déficit público e gatilhos para limitar os gastos públicos. O mercado permanece cético quanto à implementação das medidas, pelo descrédito natural que as promessas suscitam, e pelas resistências políticas.
Na terça-feira (23), será divulgado o IPCA-15, que deve mostrar um avanço da inflação em 1,25% em fevereiro, de acordo com a mediana das expectativas. Em janeiro, o avanço foi de 0,92%.
Também no radar a divulgação da Pesquisa Mensal de emprego (PME) pelo IBGE na quinta-feira (25). O número deve superar os 7%, segundo estimativas do mercado.
Lá fora, será conhecida a segunda estimativa para o PIB dos EUA para o quarto trimestre de 2015. A expectativa mediana é de que a economia norte-americana cresça 0,4%, ante os 0,7% registrados na primeira prévia.
Neste contexto, mantemos nossa recomendação de expor a carteira de renda fixa para os vértices de médio prazo (IMA-B 5 e IDKA IPCA 2A) em no máximo 30%. Neste momento, recomendamos ficar fora de estratégias com exposição para os vértices mais longos (IMA-B, IMA-B 5+, IDKA IPCA 20A e 30A). Os demais recursos devem ser direcionados para os vértices mais curtos, para ativos indexados ao CDI ou IRF-M 1, que mesmo que tenham rendimento menor que a inflação, como ocorreu em janeiro, constituem alternativas mais defensivas em um cenário de juros de mercado crescentes.
Nas estratégias que envolvam essencialmente a exposição ao risco de crédito (FIDC e FI Crédito Privado, por exemplo), observamos que a escassez de linhas de crédito para a produção e consumo gerou uma abertura de spread (prêmio de risco) nas operações, que resultam em oportunidades interessantes para investimentos. Com a devida cautela, e respeitados os limites das políticas de investimentos, recomendamos avaliar investimentos nestes segmentos.
Na renda variável, recomendamos uma exposição de no máximo 10% para o segmento, já incluídas alocações em fundos imobiliários – FIIs e fundos em participação – FIPs, dado a falta de percepção de melhora nos fundamentos econômicos que justifique elevar ainda mais o risco da carteira. As quedas recentes do Ibovespa levaram o índice a romper o suporte dos 40.000 pontos, abrindo uma janela de oportunidade para os investidores com baixa exposição no segmento montarem posições, objetivando o ganho de capital no longo prazo.