O Relatório de Mercado – Focus, divulgado hoje, 31/01 mostra que os analistas do mercado financeiro elevaram mais uma vez a sua projeção para o IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo para 2011, que subiu de 5,53% para 5,64.
Com esta é a oitava semana consecutiva de elevação da expectativa de inflação para este ano. Os analistas do mercado estimam elevação para o IPCA também em 2012, que passou de 4,54% para 4,70%.
Juros
Como medida de combate as pressões inflacionárias, o Banco Central iniciou um ciclo de aberto monetário com a alta da taxa básica de juros, Selic, no início deste ano, quando os juros subiram de 10,75% para 11,25% ao ano. Os analistas do mercado financeiro estimam que haverá maiores elevações no decorrer de 2011. O mercado financeiro alteram sua estimativa para taxa Selic para 12,50% ao ano ao final de 2011, projeção maior que anterior que era de 12,25% ao ano. Para o fim de 2012, a expectativa do mercado financeiro para os juros básicos da economia se mateve em 11% ao ano.
PIB e Cambio
A expectativa do mercado financeiro para o PIB – Produto Interno Bruto (PIB) de 2011 foi elevada de 4,5% para 4,6%. A projeção do mercado para 2012 ficou inalterada em 4,5%.
A expectativa do mercado financeiro em relação a taxa de câmbio para o final de 2011 continuou foi mantida em R$ 1,75 por dólar. Para o encerramento de 2012, a estimativa do mercado financeiro é também de estabilidade para o fechamento da moeda norte-americana. O mercado projeta fechamento em R$ 1,80 por dólar.
Balanço de Pagamentos
O mercado financeiro para o saldo da balança comercial – exportações menos importações- superávit em 201, com elevação de US$ 9,27 bilhões para US$ 9,52 bilhões na semana anterior.
Para 2012, a expectativa dos analistas do mercado para o saldo da balança comercial caiu de US$ 5,2 bilhões para US$ 5 bilhões de superávit.
Em relação aos IED – Investimentos Estrangeiros Diretos, a estimativa do mercado para o ingresso recursos em 2011 permaneceu inalterada em US$ 40 bilhões. Para 2012, a expectativa para a entrada de investimentos no Brasil subiu de US$ 41 bilhõess para US$ 42,2 bilhões.
Quedas de juros maiores no longo prazo
Em meio è tendência de queda dos contratos de juros futuros no dia 28/01, destacamos o trecho mais longo da curva, que registra as maiores quedas nas taxas de vencimento após fecharem na véspera em alta.
A maior queda desta sessão do mercado é registrada pelo contrato com vencimento para julho de 2013, com taxa de 12,87%, ante fechamento anterior de 12,93%.
Destacamos este fato para chamar a atenção para o acompanhamento do comportamento dos juros futuros, pois as oscilações nos juros de prazo mais longos afetam significativamente a rentabilidade dos fundos atrelados aos índices IMA. Taxa em alta retorno menor, taxa em queda retorno maior.
Na Ásia, as principais bolsas da região fecharam no vermelho, com destaque para Tókio -1,18% e Hong Kong -0,72%. Exceção foi à China, onde a bolsa de Shangai registrou valorização de 1,38% no pregão de hoje.
Na Europa, as bolsas também registram perdas nesta manhã: Londres -0,67%; França -0,77% e Alemanha -0,59%. O euro ganha frente ao dólar, se beneficiando da fraqueza da moeda americana frente às principais moedas que prevalece neste início de dia (dólar index registra queda de 0,11%). A moeda européia é cotada a US$ 1,3640/€, com valorização de 0,21%. O iene japonês está cotado a ¥ 82,19/$, oscilando em relação à estabilidade.
As commodities permanecem em alta, com o CRB Metal subindo 1,48% e o CRB Food com valorização de 0,64%.
Nesta manhã de maior aversão ao risco, o Ibovespa deverá acompanhar os demais mercados, podendo registrar novas perdas. Para o câmbio, a tendência predominante para o dia de hoje deverá ser a depreciação do real ante a moeda americana. No mercado de juros, a divulgação de nova pesquisa do boletim Focus do Banco Central poderá trazer novo aumento na deterioração das expectativas inflacionárias, o que deverá resultar em pressões sobre os vértices mais longos da curva de juros.
O Banco Central divulgou nesta quinta-feira, 27/01, através ata da última reunião do Copom – Comitê de Política Monetária, após elevar os juros de 10,75% para 11,25% ao ano, que foram identificados “riscos crescentes” à tarefa do Banco Central em conservar a inflação dentro das metas estabelecidas pelo CMN – Conselho Monetário Nacional, e acrescentou que as perspectivas para os índices de preços “evoluiu desfavoravelmente” nas últimas semanas.
“O Copom reconhece um ambiente econômico em que prevalece nível de incerteza acima do usual, e identifica riscos crescentes à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta (…). Embora as incertezas que cercam o cenário global e, em menor escala, o doméstico, não permitam identificar com clareza o grau de perenidade de pressões recentes, o Comitê avalia que o cenário prospectivo para a inflação evoluiu desfavoravelmente”, informou o Banco Central, por intermédio da ata do Copom.
Metas de inflação
O mercado financeiro projeta um IPCA de 5,53% para 2011. Ao elevar a taxa básica de juros na semana passada, o Banco Central avisou que este seria o princípio da ação de adequação, para cima, da taxa de juros, sugerindo novas altas pela frente. O mercado financeiro tem a expectativa de que os juros serão elevados para até 12,25% ao ano em 2011.
“Assim, a estratégia adotada pelo Copom visa assegurar a convergência da inflação para a trajetória de metas neste e nos próximos anos, o que exige a pronta correção de eventuais desvios em relação à trajetória”, informou o Banco Central, na ata do Copom.
Fatores climáticos
O Banco Central considerou ainda que há “riscos elevados” de insistência do descompasso entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda, o que pode pressionar os índices de inflação para cima, e mencionou que “fatores climáticos”, como as chuvas, também podem colaborar para a elevação de preços.
“O cenário central também contempla o potencial impacto negativo decorrente das condições climáticas extremamente adversas verificadas neste início de ano em algumas regiões do Brasil, a despeito de atribuir probabilidade significativa à hipótese de que, ao menos em parte, esse processo seja revertido no decorrer do ano”, avisou o Banco Central.
‘Medidas macroprudenciais’
O Copom considerou ainda que a demanda doméstica permanece “robusta” por conta, em grande parte, do crescimento da renda e da expansão do crédito. No entanto, afirma que o cenário central de trabalho do Banco Central considera “moderação” na velocidade de ampliação do crédito por conta das “medidas macroprudenciais” já adotadas – como a elevação do compulsório, que retirou R$ 61 bilhões da economia e colaborou para pressionar para cima os juros bancários. Em 2010, o crédito bancário avançou 20,5% e, para 2011, a expectativa do Banco Central é de um crescimento menor: de 15%.
“O Copom destaca que seu cenário central também contempla moderação na expansão do crédito, para a qual contribuem as ações macroprudenciais recentemente adotadas. O Comitê pondera que, em parte, tais alterações regulatórias devem se manifestar como elemento de contenção da demanda agregada por intermédio do canal de crédito, bem como por meio da redução de incentivos à adoção de estratégias como o simples alargamento dos prazos de contratos, entre outras”, divulgou a autoridade monetária através da ata do Copom.
Salários e contenção de gastos
O Copom afirmou que os “desenvolvimentos no âmbito fiscal” (contas públicas) são “parte importante” da conjuntura no qual decisões futuras de política monetária, definição da taxa básica de juros, serão adotadas. Isso significa que o Banco Central está vigilante ao corte que será feito no orçamento federal deste ano. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, é quem decidirá a dimensão do corte. Os economistas do mercado financeiro projetam um corte entre R$ 35 bilhões e R$ 60 bilhões. Se o corte for maior, poderá haver uma necessidade menor de elevar os juros.
O Banco Central analisou como “relevantes” os riscos provenientes da insistência do descompasso entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda e identificou uma “estreita margem de ociosidade dos fatores de produção”, principalmente, de mão de obra. “Em tais circunstâncias, um risco importante reside na possibilidade de concessão de aumentos nominais de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade”, conclui.
Atenção
Com base no que foi exposto, há a necessidade de um maior acompanhamento das expectativas do mercado em relação aos fatores macroeconômicos, pois caso as medidas de aperto monetário não surtam os efeitos desejados pode haver queda de rentabilidade nos fundos lastreados em títulos com taxa de longo prazo, os fundos IMA, por exemplo.
Na Ásia, a bolsa de Shangai registrou valorização de 1,17% no pregão de hoje, enquanto Hong Kong apurou alta de 0,23%. Em Tókio, movimento de realização de lucros levou a queda do índice Nikkei de 0,60% no dia de hoje.
Na Europa o euro valoriza 0,21% nesta manhã, cotado a US$ 1,3711/€, seguindo o bom desempenho das bolsas locais: Londres +0,94%; França +0,86% e Alemanha +1,18%.Os índices futuros das bolsas americanas, S&P e D&J registram valorizações de 0,40% e 0,31%, respectivamente.
Para hoje, esboça-se um dia de menor aversão ao risco, dado que o dólar index recua 0,18%, neste momento. Desta forma, são favorecidos ativos de maior risco como bolsas e commodities. No mercado de petróleo, o tipo WTI é cotado a US$ 86,80/b, com valorização de 0,71%. As commodities estão em alta, com destaque para o CRB Metal (+1,06%) e CRB Food (+0,33%).
Para o mercado de ações brasileiro, expectativas são positivas. Impulsionado pelo maior apetite ao risco e pela alta das principais commodities, espera-se por valorização do Ibovespa no dia de hoje. No mercado de câmbio a tendência de apreciação prevalece, mas intervenções do banco central poderão impedir uma maior valorização do real.