A Deloitte, firma de auditoria responsável por avaliar os balanços do Banco Panamericano, que recebeu uma injeção de R$ 2,5 bilhões para evitar sua quebra, divulgou comunicado ao mercado considerando “prematuro” se manifestar sobre o caso do banco do empresário Silvio Santos.
A auditoria vem sendo responsabilizada por não ter identificado evidências de irregularidades no balanço do Banco Panamericano. Nos demonstrativos do segundo trimestre deste ano, a firma não apresentou ressalvas em seu relatório.
O Banco Central identificou o problema nas contas no banco faz seis semanas, mas afirmou que as “inconsistências contáveis” ocorriam há três ou quatro anos. A Deloitte fazia auditoria dos balanços havia pelo menos três anos, peças assinadas por Osmar Aurélio Lujan.
Segundo o Banco Central, a diretoria executiva do Panamericano vendeu carteiras de crédito para terceiros, mas elas continuaram figurando no balanço da instituição, o que inflava o patrimônio do banco e, consequentemente, seus lucros.
O comunicado da Deloitte afirma que ela é “uma empresa presente no Brasil desde 1911, que atende a 5 mil clientes e com 4 mil profissionais pautados pela mais estrita ética, transparência e profissionalismo”.
Diz ainda estar à disposição e colaborando com as autoridades constituídas para a devida apuração e esclarecimento dos fatos. “Com relação ao noticiado até o momento e dada a relevância das alegações e suas implicações, consideramos prematuro e inconsequente nos manifestar antes que se possa chegar a conclusões que sejam baseadas em fatos”, diz o texto.
Para finalizar, o comunicado afirma: “Cientes de nosso papel perante a sociedade, e respeitando os limites impostos pela ética profissional, voltaremos a nos manifestar assim que alcançarmos nossas conclusões”.
A Caixa Econômica Federal deve se tornar a controladora do banco Panamericano, depois de descoberta a fraude de R$ 2,5 bilhões na instituição.
A Caixa já detém 49% do capital votante e 20,69% das ações preferenciais, mas não tinha ingerência na gestão do banco.
Com a descoberta da fraude, toda a diretoria do Panamericano foi afastada e novos diretores foram nomeados hoje mesmo.
Toda a nova diretoria já foi indicada pela Caixa. O novo diretor superintendente, Celso Antunes da Costa, era diretor da Nossa Caixa.
Segundo instituição que garante depósitos de correntistas, banco de Silvio Santos teve problemas de patrimônio não de caixa
“O banco está líquido. Eles têm R$ 1,3 bilhão em caixa e agora mais R$ 2,5 bilhões do FGC”, afirma Gabriel Jorge Ferreira, presidente do conselho de administração do Fundo Garantidor de Créditos, referindo-se ao Panamericano. “O banco não precisava vender carteira (de crédito), por que isso serve para aumentar a liquidez. Agora eles têm R$ 3,8 bilhões em caixa. O Panamericano é doador de dinheiro no mercado”, complementa Antonio Carlos Bueno de Camargo, diretor-executivo da instituição.
O Banco Panamericano recebeu R$ 2,5 bilhões de recursos do FGC, após negociações entre seu controlador, o empresário Silvio Santos, o Banco Central e o FGC. Segundo Ferreira, os recursos entram na contabilidade do banco por meio da conta “Depósito de Acionista”, que é uma conta do patrimônio.
“Daqui a alguns dias, o depósito tem o objetivo de zerar as perdas patrimoniais detectadas pelo BC”, explica Ferreira. “Não compramos carteiras porque o banco estava desenquadrado, tinha um patrimônio líquido de R$ 1,6 bilhão e corria o risco de ficar com o patrimônio líquido negativo. Aí está a virtude da operação que montamos.” Essa conta “Depósito de Acionista” é zerada para a cobertura dos prejuízos. “Ela se consome pela absorção das perdas.”
Na operação, a SS Holding, que concentra as 44 empresas de Silvio Santos, incluindo o SBT, o Baú da Felicidade e a fábrica de cosméticos Jequiti, deu todos os seus ativos em garantia de uma emissão de debêntures no valor de R$ 2,5 bilhões, não conversíveis em ações, com prazo de dez anos e remuneração pelo IGP-M, sem juros, com carência de três anos.
Relatórios
Segundo os executivos do FGC, a instituição não terá qualquer ingerência sobre a administração das empresas de Silvio Santos. “Temos o direito de pedir relatórios e acompanhar o desempenho delas”, explica Bueno de Camargo, sobre o papel do fundo. A Caixa Econômica Federal, sócia do Panamericano, com 49% do capital votante, indicou cinco executivos e os controladores, outros três. Esses oito substituem a diretoria antiga do banco, que foi afastada ontem.
Ferreira explica que há uma cláusula na operação com a SS Holding que estabelece que o controlador deve fazer um esforço contínuo de venda dos ativos dados em garantia das debêntures. “Porém, há casos, como o SBT, que tem regras próprias, ele terá mais tempo” para vender, diz. Segundo Bueno de Camargo, esse prazo é de até oito anos no caso da rede de TV. “O fundo não tem pressa. A empresa vai ter conforto para realizar a garantia”, afirma.
Para Ferreira, o ativo de maior liquidez entre todos dados por Silvio Santos em garantia da operação é o próprio Panamericano. “Sem dúvida, minha avaliação pessoal é de que o banco deve ser vendido em primeiro lugar.”
Nelson Rocco, iG São Paulo
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As bolsas asiáticas operam em baixa nesta manhã. Em Shangai, a bolsa local recuou 1,39%, enquanto Hong Kong caiu 1,93%.O índice Nikkei sofreu queda de 1,39%.
A bolsa de Londres recua 0,97%; Paris -1,90% e Alemanha –0,84%. O euro volta a se desvalorizar, com queda de 0,28% nesta manhã, cotado a US$ 1,3627/€.
No mercado americano, os índices futuros do S&P e D&J registram quedas de 1,06% e 0,85%, respectivamente. O dólar index acusa ligeira alta (+0,22%), enquanto no mercado de commodities, o índice CRB cai 0,71% e o petróleo recua 2,44%, cotado a US$ 85,92/ barril.
O Ibovespa deverá registrar novas perdas. Motivo também para enfraquecimento adicional do real, não só pela tendência de valorização do dólar americano, mas com a ameaça cada vez mais concreta de intervenções governamentais no mercado de câmbio.
O cenário exibe um dia típico de aversão ao risco na atuação dos principais mercados.