Ao término da negociação normal da BM&F, o vencimento de depósito interfinanceiro (DI) de outubro de 2010 caía de 10,75% no ajuste de ontem para 10,725%
Dando continuidade ao movimento observado ontem, os juros no mercado futuro continuam em trajetória de baixa, amoldando-se ao momento que aponta para uma queda consistente nos índices de inflação e consequente redução da série de elevação da taxa básica de juros, Selic , iniciado em abril deste ano. O mercado avalia a decisão do Copom – Comitê de Política Monetária, como o marco que inicia a queda no ritmo de elevação da Selic.
No encerramento da cessão normal da BM&F de 27 de julho, o vencimento do DI, depósito interfinanceiro, de outubro de 2010, com 153.610 contratos negociados, recuava de 10,75% no ajuste 26/07 para 10,725%; o DI de janeiro de 2011, 560.635 contratos negociados, recuava a 10,84%, de 10,89%, no dia 26; o DI janeiro de 2012, 266.025 contratos negociados, recuava de 11,61% para 11,54%; e o DI de janeiro de 2014, 13.680 contratos negociados, projetava 11,92%, contra 11,95% no dia 26.
O mercado aposta que a ata do Copom que será divulgada nesta quinta-feira, 29, deve mostrar um cenário prospectivo mais ameno para os índices de inflação. Esta percepção tem sido reforçada pelos resultados da coleta diária da FGV, que reproduz a metodologia utilizada no cálculo do IPCA. Na percepção do mercado, o levantamento teria apontado um ritmo maior de deflação no chamado “IPCA ponta”. O mercado tem sustentado, ainda, a probabilidade de que o IBC-Br – Índice de Atividade Econômica do Banco Central, que é um indicador que antecede ao PIB, dê novos sinais de acomodação em junho e em julho. Em maio, o índice ficou em 139,55, número que revela estabilidade em comparação com o mês de abril, quando ficou em 139,58, considerando os dados dessazonalizados.
A queda nos juros futuros e a perspectiva de redução nos índices de inflação beneficia as aplicações dos Regimes Próprios de Previdencia atrelados ao IMA, uma vez que a queda nas taxas de juros, eleva a rentabilidade da carteira dos fundos atrelados ao IMA e a queda dos índices de inflação reduzem a meta atuarial dos RPPS.
Até 26 de julho o IMA Geral havia variado 0,98%, O IMA-B apresentava variação positiva de 1,06% e o IRFM subia 1,30%, contra um IPCA projetado de 0,03%.
As perspectivas de rentabilidades para o mês de julho são muito promissoras para as carteiras dos Regimes Próprios atreladas ao IMA.
O Boletim Focus desta semana, divulgado nesta segunda-feira, 26, aponta que o mercado reduziu sua expectativa em relação à alta do IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo e para evolução da taxa básica de juros, Selic.
A pesquisa que o Banco Central realiza semanalmente aponta que o mercado espera que a inflação medida pelo IPCA fique em 5,35%, contra 5,42% da projeção anterior, Previsão para a expansão do PIB em 2010 ficou em 7,2%. O mercado conservou em 4,80% a projeção do IPCA para 2011.
Na primeira edição, após a redução do ritmo de elevação dos juros no Brasil, o Boletim Focus apontou ainda que a expectativa em relação à taxa Selic para o final de 2010 recuou para 11,75%, na semana anterior o mercado esperava uma taxa de 12% para dezembro de 2010.
Juros
Os analistas reduziram a previsão para a taxa básica da economia, Selic, para 2010. A expectativa caiu de 12% para 11,75% ao ano. Já a taxa projetada para o final de 2011 foi mantida em 11,75%.
O sentimento do mercado em relação ao desempenho da economia brasileira para 2010 permaneceu inalterado. A projeção para o crescimento do PIB – Produto Interno Bruto em 2010 manteve-se em 7,20%. E expectativa em relação ao crescimento do PIB para 2011, da mesma forma foi mantida em 4,50%. A estimativa para a produção industrial em 2010 caiu de 12,12% para 12,10%. Para 2011, a projeção para o crescimento industrial ficou em 5,00%.
Câmbio
O mercado manteve a estimativa para a variação da moeda norte-americana para o final de 2010. Segundo o levantamento, o dólar deve encerrar 2010 cotado a R$ 1,80. Já para o fim de 2011, o sentimento também é de manutenção do dólar em um patamar de R$ 1,85.
O déficit nas contas externas para 2010, sofreu alteração por parte dos analistas do mercado. A projeção para o resultado em conta corrente é de défict. Para 2010 houve elevação da expectativa, subindo de US$ 47,46 bilhões para US$ 48,00 bilhões. Para 2011, a estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos caiu de US$ 60 bilhões para US$ 57,93 bilhões.
Para 2010 o mercado projeta um superávit comercial 15,41 bilhões, ante US$ 16,00 bilhões da semana anterior. Para 2011, a estimativa para o saldo da balança comercial subiu de US$ 7,81 bilhões para US$ 8,00 bilhões. O mercado financeiro reduziu a estimativa de ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED) em 2010 de US$ 34,30 bilhões para US$ 33,65 bilhões. Para 2011, a estimativa para o IED permaneceu em US$ 40 bilhões.
A elevação da taxa Selic em 0,50% pontos-base, para 10,75% ao ano, divulgada nesta quarta-feira, dia 21, pelo COPOM – Comitê de Política Monetária, já é suficiente para alterar o quadro dos investimentos no mercado interno. Algumas modalidades de investimentos passam a ser mais atrativas, entretanto, outros perdem com esta elevação. Neste cenário, títulos atrelados a taxa pós-fixada, como o CDI, são os mais favorecidos. Os fundos que tenham na carteira papéis pré-fixados perdem a atratividade na avaliação do investidor.
O cenário muda, principalmente porque esta é a terceira alta consecutiva de um período de elevação que deve durar até o fim desse ano. O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, dia 19, projeta a Selic em 12% no final do ano. Em face da redução no ritmo de alta da taxa básica, até dezembro, a projeção foi reduzida por parte do mercadeo, devendo a Selic chegar a 11,5% ao ano.
O investidor tem que considerar na montagem da carteira as oscilações nas taxas de juros, já que sempre acontecerão períodos em que a taxa poderá ser elevada ou reduzida. Não é produtivo alterar a composição da carteira a cada mudança no juro. É preciso definir uma estratégia e operar conforme ela.
Pós-fixados: Neste segmento estão principalmente os título atrelados a variação do CDI, como os CDBs pós-fixados, Fundos Referenciados DI e títulos como a LFT – Letra Financeira do Tesouro emitidos pelo tesouro nacional. Em cenário de alta nas taxas de juros, Selic, os títulos pós-fixados são a melhor alternativa.
Prefixados: Títulos corrigidos por taxa pré-fixada, como os CDBs prefixados e títulos públicos como as LTN - Letras do Tesouro Nacional e NTN- F, não são uma boa indicação em circunstâncias de alta da Selic.
A rentabilidade deste tipo de aplicação neste momento é incerta. Com a probabilidade de alta do juros, não há a menor perspectiva deste investimento proporcionar um retorno satisfatório.
Um outro fator que pesa no desempenho dos papéis atrelados a taxa pré-fixada é o inicio da corrida eleitoral, evento que instiga a desconfiança sobre o futuro da política monetária.
Títulos atrelados à inflação: Títulos atrelados a variação de índices de inflação, como a NTN-B, paga IPCA + 6%a.a., e a NTN-C, IGP-M + 6% a.a., também sofrem alteração com a alta da Selic. Os fundos que investem nestes títulos, obrigatoriamente precisam, por imposição da regulamentação, marcar suas carteiras a mercado, com a alta da taxa de juros, o PU destes títulos tendem a cair provocando variação negativa nas cotas dos fundos. Entretanto, se a idéia é carregar os papéis até o vencimento o impacto é pouco perceptível
Poupança: A rentabilidade da caderneta não é alterada com a variação nos juros. No entanto, a rentabilidade, quando comparada à dos fundos de referenciados DI, por exemplo, fica bem abaixo.
Ações: A volatilidade é inerente aos títulos de renda variável. Apresentar bons rendimentos ou não, no entanto, não depende apenas dos movimentos na taxa básica de juros, mas de outros fatores que vão desde os resultados da empresa em que se investe até o desempenho da economia mundial.
O Copom – Comitê de Política Monetária resolveu aumentar a Selic em 0,50 pontos percentuais, para 10,75% ao ano, após reunião de dois dias, iniciada na terça-feira, 20. A decisão foi tomada por unanimidade de votos e sem viés.
Ainda que aventado por alguns analistas, o consenso era para uma elevação de 75 pontos, pois, o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 19, apontava para a manutenção do compasso de alta iniciado no mês de abril com aumento de 75 pontos-base.
A decisão desta quarta-feira surpreendeu a maior parte dos analistas do mercado. A grande maioria esperava a elevação da Selic para 11%; e uma pequena corrente projetava uma elevação de 0,5 ponto porcentual na taxa básica de juros, para 10,75% ao ano.
Taxa mais alta, com inflação mais baixa, significa juro real mais alto e, portanto, maior ganho para a renda fixa.
A próxima reunião do Copom está agendada para os dias 31 de agosto e 1º de setembro. A ata da reunião de hoje será divulgada pelo Banco Central na próxima quinta-feira, dia 28.
Comunicado do Copom:
“Avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 10,75% a.a., sem viés.
Considerando o processo de redução de riscos para o cenário inflacionário que se configura desde a última reunião do Copom, e que se deve à evolução recente de fatores domésticos e externos, o Comitê entende que a decisão irá contribuir para intensificar esse processo”.